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Hanson W. Baldwin
Eram 2h e 40m quando o Carpathia avistou a luz verde do barco nº. 2, e 4h e 10m quando lhe foi possível socorrer os primeiros náufragos, sendo então informados de que o Titanic submergira. Não se ouviam mais os gritos e lamentos de ainda há pouco. Algum tempo depois o radiotelegrafista do Calitornian que se achava à vista do Titanic quando êste submergira, repondo nos ouvidos o aparelho receptor, foi informado do desastre.
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Àquela altura, justamente, os sobreviventes do Titanic viram por fim ao longe, majestoso e alvo, o formidável iceberg a flutuar no mar azul, tinto de leve pelas cores da alvorada.
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Quinta-feira à noite, quando o Carpathia apartou em Nova York, 30.000 pessoas enchiam as ruas; ambulâncias e macas se enfileiravam no cais; médicos e enfermeiros aguardavam as vítimas, a cuja espera também se viam pessoas das famílias dos 711 sobreviventes, e dos que tinham sido dados por desaparecidos, numa vã esperança de encontrá-los ainda, sãos e salvos.
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A multidão viu em silêncio a primeira vítima - uma mulher - descer cambaleando a escada de bordo. Um murmúrio correu entre a assistência, crescendo de volume e. silenciando novamente.
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A investigação feita pela Associação Comercial Britânica chegou a conclusões revoltantes. Os escaleres do Titanic tinham lotação para 1.178 pessoas, ou seja um têrço da capacidade do navio. Seus 16 escaleres e quatro botes de borracha tinham salvo apenas 711 náufragos, e 400 pessoas perderam a vida inutilmente. Sobre o Californian também pesava terrível condenação. Vira os foguetes do Titanic mas não tinha recebido os avisos telegráficos, porque o radiotelegrafista adormecera.
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"Ao avistar os foguetes," informa o relatório "o Californian podia ter avançado através do gêlo, sem correr maior risco, indo em socorro do Titanic. Se assim tivesse feito, teria salvo muitas das vidas que se perderam, e talvez mesmo tôdas."
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Páginas: 281 - 282.
Catástrofes, Desastres e Aventuras que comoveram o Mundo.
Seleções do Reader´s Digest – 1965