Destroços do RMS TITANIC foram vandalizados por turistas.
"Adoraríamos que lá fossem, mas sem lhe tocar." Esta é a opinião de Robert Ballard, o explorador marinho que em 1985 descobriu os destroços do famoso navio "RMS Titanic", face às constantes visitas turísticas e profanações que vêm destruindo os restos do navio nas últimas duas décadas. Na sua primeira visita, em 1985, Ballard homenageou as vítimas do naufrágio com "uma placa para recordar todos os que perderam a vida naquela trágica noite". Agora, revisitando o local, para ajudar a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica na análise da deterioração do navio, e o National Geographic, onde é explorador residente, Ballard afirma que o destroço parece ter sido "profanado por caçadores de sepulturas". Ballard regressou ao navio e ficou surpreendido com o estado de degradação. "Vimos sinais de numerosos casos de submarinos que atracaram no convés, fazendo enormes buracos", cerca de 6.000 artefatos foram retirados e "não há nada mais para recolher do 'Titanic'", conta Ballard. Ballard lamenta que não sejam criadas condições para a preservação dos navios - "o fundo do mar constitui o maior museu da Terra", salienta. O fato dos submersíveis continuarem a "pousar" no convés do luxuoso navio é como "visitar o Louvre com um "buldôzer". O explorador da National Geographic estima que mais de um milhão de navios estejam submersos, tal como o "Titanic", e eles são uma importante fonte de informação sobre a nossa história. Desde o impacto com um iceberg, na viagem inaugural entre Southampton, Inglaterra e Nova Iorque, na fria noite de 14 de Abril de 1912, o "Titanic", pousado no fundo do mar a cerca de 3.750 metros de profundidade, constitui uma das maiores curiosidades marítimas. Atualmente protegido por uma nova legislação, aprovada na Inglaterra em 2003 e nos Estados Unidos em 2004, o navio "que nada nem ninguém podia afundar" foi classificado como "memorial marítimo internacional" e vê estabelecidas regras às expedições. Espera-se que a França e o Canadá, dois países também associados ao "Titanic", ratifiquem o tratado. Para o explorador, "a nova tecnologia pode transformar o 'Titanic' num museu virtual", evitando que as companhias de submersíveis e os seus clientes destruam os restos do famoso navio. Através de uma ligação à Internet, as pessoas podem acessar o 'Titanic', podem explorar o interior e ao mesmo tempo manter intactas as sepulturas dos mais de 1.500 passageiros vítimas da natureza e do erro humano. Embora não passe de uma ideia, Ballard admite a sua fácil execução: "Se conseguimos enviar sondas para Marte e colocar um homem na Lua, o acesso ao 'Titanic' em tempo real não é grande coisa."