Ballard estava consciente de que fazer um pacto com os militares tinha seus riscos. O primeiro temor era de que eles não me financiassem; o segundo foi: Meu Deus, eles me financiaram! - Em todo caso, o meio militar não era estranho a Ballard, que havia servido durante anos na marinha e se orgulha muito disso.
O Thresher - nome inglês para uma espécie de tubarão com uma longa nadadeira caudal e o Scorpion são os dois únicos submarinos nucleares perdidos pelos EUA e foram desenhados para caçar submarinos soviéticos. O primeiro, um peixe metálico de 85 metros lançado ao mar em 1960, afundou em 10 de abril de 1963 - com toda sua tripulação: 16 oficiais e 96 homens. O Scorpion de 76,8 metros, lançado ao mar em 1959, com oito oficiais e 75 homens, afundou em 22 de maio de 1968 a 740 quilômetros a sudoeste das ilhas Açores.
O Thresher (numeração SSN-593) afundou enquanto realizava manobras com o barco de resgate submarino USS Skylark, que não conseguiu salvar ninguém, mas pelo menos testemunhou a catástrofe. Segundo as evidências, enquanto o submarino descia em busca de sua profundidade limite, a tubulação de água salgada arrebentou e provocou uma inundação e um curto-circuito do sistema elétrico, o que causou um apagão automático do reator nuclear. Sem propulsão, incapaz de conseguir potência suficiente para ascender, com a escuridão tomando conta de tudo - em meio ao terror inimaginável da escuridão e da profundidade -, o Thresher desceu até o fundo. Em algum momento entre os 400 e os 600 metros, profundidade sob a qual sua estrutura não era mais capaz de resistir, o submarino foi esmagado pela pressão. Desde o navio Skylark pôde-se ouvir o som espantoso dos compartimentos do submarino cedendo, espremidos como uma lata de refrigerante.
“Durante algum tempo, eles souberam que iriam morrer”, disse Thunman por telefone. “Mas a morte em si provavelmente não demorou mais do que um ou dois segundos.” O velho submarinista ficou em silêncio do outro lado da linha pelo mesmo tempo. Que pareceu bem mais longo.
Em julho de 1984, Ballard submergiu seu robô Argos até o submarino, a dois quilômetros e meio de profundidade no fundo do mar. O que encontrou foi, como disse o programa do canal National Geographic sobre a operação, “uma destruição total, como se alguém tivesse pegado um brinquedo e o jogado em uma máquina trituradora.” Os restos estavam espalhados por uma extensão de dois quilômetros, conforme caíram após a implosão. Ballard encontrou o reator e constatou que não havia vazamento radioativo.
A exploração seguinte, do Scorpion (SSN-589), a 3.350 metros de profundidade, foi mais excitante, porque o submarino desapareceu sem testemunhas, levava armamento nuclear e estava envolvido em operações muito agressivas. Especulava-se que ele havia sido atacado por um torpedo soviético, em represália pelo abatimento do submarino russo K-129, que afundou depois e uma suposta colisão com o USS Swordfish. A marinha dos EUA localizou o submarino russo e a CIA enviou clandestinamente, em 1974, um barco de exploração ao K-129, o Glomar Explorer, para tentar recuperá-lo; investigou os restos da embarcação e até mesmo extraiu uma parte do casco com seis marinheiros russos, que foram sepultados num cerimonial no mar.
( continua... )
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