sexta-feira, abril 01, 2016

RELEMBRANDO ENTREVISTA COM RODRIGO PILLER

Titanic Momentos trouxe com exclusividade em 22/01/2007 uma entrevista (dividida em duas partes) com o nosso amigo e Titânico Rodrigo Piller. Artista nato por natureza, Rodrigo criou várias reproduções do Titanic, entre elas: o relógio da Grande Escadaria, a réplica do navio e uma cadeira do deck. Vejam as palavras do nosso amigo com relação ao processo de criação e finalização da cadeira.

Neste mês de Abril, resolvi relembrar este momento mágico. Para quem ainda não leu, espero que todos gostem da matéria. Para os antigos, vai um momento de nostalgia.

Se alguém procura entender ou explicar tal fascinação por um fato ocorrido tão distante acho que morrerá sem saber. Há algo de muito misterioso nas barreiras do tempo e do espaço que unem algo tão triste e fascinante a pessoas que tem a sensibilidade de perceber o que tamanha tragédia têm a ensinar a todas as gerações. Um marco na história que transcende o tempo e o espaço.
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Rodrigo Aparecido Piller

Olá pessoal do "Titanic Momentos", meu nome é Rodrigo, coleciono sobre o Titanic desde 2004 e essa história me fascina. Como já trabalho com artesanato há bastante tempo pude realizar alguns trabalhos sobre o Titanic, como fazer o navio com 2,24 m de comprimento, o relógio da grande escadaria, o relógio da suíte da sala de estar da Rose, entre muitos desenhos e outras loucuras mais...

Minha última invenção foi fazer em madeira e em tamanho natural uma das cadeiras de deck do Titanic e é por esse motivo que fui convidado pelo nosso amigo Titânico Alencar a postar esse blog. Tive a idéia da cadeira há uns 10 meses atrás e somente agora pude colocar em prática o projeto.


No começo achei meio impossível de fazê-la, pois achava complicada demais e não conseguia definir em minha cabeça os materiais que poderia utilizar.


Em duas ocasiões eu pude ver modelos de cadeiras desse tipo em duas lojas de minha cidade, não eram iguais, mas tinham todos os componentes que tinham as do Titanic, mas com preços de R$ 650,00 à R$ 780,00. Com o tempo de tanto pensar em como a faria fui desenhando em minha mente como seria, do que seria, o que teria que usar valores e todo o resto; quando já tinha uma idéia formada de como daria certo fui à busca dos materiais.


Tendo em vista a necessidade de economizar, fui à busca da madeira mais acessível e fácil de trabalhar, a ripa de pínus. Foram oito ou nove ripas de 2.5 m e 5 cm de largura e mais uma de 7 cm de largura para a parte do apoio da cabeça.

Passado o processo de secagem da madeira onde tive de deixá-las por uns 7 dias no sol e unidas umas as outras para que não vergassem consegui arrumar tempo para começar, e antes disso vasculhei a internet em busca de fotos onde eu poderia retirar o modelo e fazer um projeto. Também tive de procurar no próprio filme os momentos em que essas cadeiras apareciam para ter uma idéia de cor e tudo mais.

Com a madeira seca e o desenho pronto comecei a obra num sábado de manhã e depois de ter passado o dia inteiro serrando, medindo, pregando, martelando, acertando e errando vi que esta era a pior coisa que tinha inventado de fazer: a madeira rachava quando eu pregava e depois de pregar a estrutura percebi que a madeira não iria agüentar.

O pior de tudo é que eu já estava cansado, com raiva, arrependido e todos os meus vizinhos já estavam aqui tentando me apoiar e me dizer que “faltava apenas reforço, mas que seu continuasse iria dar certo”, resumindo quase morri de raiva e desisti de tudo. Joguei toda a carcaça no quintal e desejei que tudo sumisse até o dia seguinte.

Ao acordar no dia seguinte já estava mais calmo e pensando que não poderia desperdiçar o tempo e o dinheiro que tinha gasto, aí então comecei a reparar onde e como poderia reforçar. Depois de muito pensar conclui que realmente poderia reforçar o assento com mais uma camada de madeira (por isso que ele é mais grosso que todo o resto da cadeira) e pedi para que meu pai fizesse uns reforços de ferro, já que ele trabalha como serralheiro. Resumindo, ao final do dia já tinha feito várias coisas e era só continuar em frente.

No fim de tudo havia faltado madeira e parti para comprar e secar mais umas duas e depois dessa secagem pude fazer todas as peças avulsas que no final eu uniria com novos pregos, parafusos, porcas e arruelas.
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- A cadeira ainda inacabada...
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Meu pai fez as peças de reforço (30 no total) que deram toda a resistência necessária. Acabado o trabalho de corte e de montagem do que tinha que estar montado comecei a lixar o que eu sabia desde o começo que seria terrível já que a madeira realmente estava em estado bruto e eu não possuía material profissional de lixa, o jeito foi lixar a mão mesmo.

Comprei lixas bem grossas e fui lixando para eliminar o mais grosso da madeira e todas as quinas. Demorei muito até terminar e gastei muita lixa. Como se não bastasse ainda tive de lixar tudo novamente com lixas mais finas para dar acabamento.

Depois disso comecei a tampar toda imperfeição que havia na madeira com Durepoxi e também colando tiras de papel sulfite onde era necessário dar uma aparência mais lisa. Disfarcei também a junção das madeiras que compõe o assento já que tive de fazê-lo em duas camadas de ripas.

O processo de pintura exigia que eu não apenas vernizasse a madeira, tendo em vista que teria de cobrir todo o papel, durepoxi e pregos aparentes, pois o verniz não cobriria isso. Bolei um modo bem estranho de refazer uma cor de madeira, mas que deu muito certo:

1. Pintei toda a cadeira com tinta acrílica fosca marrom escuríssimo
2. Com a mesma tinta na cor bege repintei tudo com o pincel sempre na mesma direção (o que faz parecer que são os veios da madeira no processo final).
3. Esperei secar e dei uma segunda mão de bege do mesmo jeito.
4. Depois de seco passei uma demão de tonalizante marrom avermelhado em toda a cadeira (tonalizante é o corante da marca “xadrez” bem diluído em água).
5. Então envernizei tudo com verniz na cor cerejeira e depois da primeira demão apliquei a segunda e esperei secar.

Depois disso uni as juntas com grandes parafusos e também 2 dobradiças e algumas porcas.


Comecei a passar o fio (fio de energia branco) para formar o assento e aí então surgiu um grande problema: a madeira toda cheia de furos para passagem do fio não agüentou o repuxo e rachou de fora a fora na parte da frente e na parte de trás; aí já era vésperas de natal e fui viajar.

Na volta à primeira coisa que fiz foi pedir para meu pai que fizesse uma cinta de ferro que eu parafusei por dentro do assento e que deu resistência à madeira e impediu que continuasse a se rachar. Continuei a tramar o fio (42 metros), o que levou umas 6 horas para terminar e que ao final me surpreendeu com tamanha resistência. Mas o trabalho ainda não tinha acabado, tive de fazer mais quatro pequenas peças de ferro e fixá-las e retocar os locais onde eu tinha danificado a pintura aí então pude dizer: FIM DO TRABALHO.
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E esta é a cadeira já terminada...

Na realidade ela não ficou totalmente idêntica as do navio, mas tendo em vista que não sou marceneiro e nem tive as ferramentas corretas procurei fazer o melhor que pude.

Foram uns 20 metros de ripa, umas 10 lixas, 30 reforços de ferro, muito prego, muito parafuso, durepoxi, 42 metros de fio de luz, tinta acrílica, verniz, tinta prata, cola quente, cola de madeira e corantes xadrez. O preço de tudo isso gira em torno de uns R$ 70,00 (preços em 2007).

Além dos materiais citados foi também muita bolha, machucado e cansaço, pois fiz a cadeira ao mesmo tempo em que trabalhava temporariamente em uma loja de minha cidade, mas tudo valeu à pena, pois poder fazer o que se ama não tem preço...

Se você quiser dar uma olhada nos meus outros trabalhos sobre o Titanic é só dar uma olhada no meu álbum do Orkut. Visitem também o meu blog Titanic em Focos.

Um grande abraço a todos os TITANICMANÍACOS...


Rodrigo Aparecido Piller.


Um comentário:

Anônimo disse...

AMEI O RELOGIO QUE ELE FEZ :D