terça-feira, agosto 26, 2008

CARTA DE VIOLET JESSOP

Trechos de uma carta de Violet Jessop para Sra. Emery. Na carta ela se refere ao filme britânico "A Night to Remember", lançado em 1958.



Maythorn, 29 de julho de 1958


Querida Sra. Emery,

Quanta gentileza sua escrever-me. Fiquei interessada em saber sua ligação familiar com o capitão Rostron do Carpathia. Você achou o filme longo. Penso que a intenção foi impressionar.

O Californian estava visível o tempo inteiro e isso foi a causa de toda a tranqüilidade a bordo do Titanic, pois imaginávamos que um navio tão próximo viria imediatamente em nosso socorro. É claro, ninguém sabia que seus motores estavam parados. Acho que o Carpathia fez um trabalho magnífico, pois teve que alterar seu curso, apesar de antigo, e navegou com velocidade máxima através do campo de gelo para nos resgatar.

Mas a principal causa da perda de tantas vidas humanas, foi falha por parte do departamento de comércio em não exigir um número suficiente de botes para atender a todos. Foi extremamente difícil convencer as mulheres a entrarem nos botes deixando seus maridos para trás. Depois de ter feito tudo o que podíamos debaixo do convés, subimos e ficamos observando um jovem oficial tentando persuadir emigrantes a entrarem nos botes. Como não estava conseguindo comunicar-se (eram na maioria poloneses, russos, etc.), pediu para que nós servíssemos de exemplo e entrássemos no bote. Esse é o motivo pelo qual estou viva hoje.

Acho que a Pinewood Studios fez um trabalho maravilhoso em recriar fatos que ocorreram há tanto tempo, e se eu discordo de algumas coisas ­como, por exemplo, uma cena que sugeria que a terceira classe havia ficado trancada, e o comportamento de alguns tripulantes - é somente porque para uma pessoa como eu que estava lá, parece com crítica desnecessária.

Agora arrependo-me de não ter aceito os diversos convites do senhor MacQuitty, (o produtor); se tivesse visto algumas das seqüências, poderia ter mostrado algumas discrepâncias. Implorei à senhorita Coffin - diretora de figurino - quando fui entrevistada, e depois através de questionários, para não colocar as mulheres a bordo com os chapéus floridos e cheios de plumas da época, pois as americanas - e a maioria era americana - jamais usariam chapéus de rua a bordo. Tudo, menos um "fogão da cozinha" em cima de suas cabeças!

Minha falha em não aceitar o convite deveu-se ao fato de não poder abandonar minhas galinhas, pois na época estava sozinha, e as galinhas são mais exigentes do que os passageiros daquela época - se é que isso é possível. Descubro que os dias não são longos o suficiente; então, é muito difícil encontrar silêncio e tranqüilidade necessários para reescrever o livro, mas se um dia for publicado, enviarei um exemplar para você.


Tudo de bom.

Atenciosamente,

Violet C. Jessop

5 comentários:

Anônimo disse...

parabens capitão

Pâm Cristina LF* disse...

Interesante!!!
=D

Anônimo disse...

mtoooooooooo interessante capitao ^^^
abçs =)

Mário Monteiro disse...

como eu amo essa mulher, a carta dela é linda!

Unknown disse...

Fala serio.. essa mulher foi uma das que melhor narrou a historia do navio!!

Meu respeito a ela! =D