sábado, junho 17, 2006

O TITANIC: SEGURANÇA E LUXO

Durante a finalização dos testes de Belfast, dois oficiais de bordo, Charles H. Lightoller e James Moody, realizaram uma meticulosa inspeção para detectar possíveis saídas de emergência no caso de necessidade do navio ser evacuado.
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Puderam comprovar que as dependências da terceira classe eram separadas do convés por dois botes e que o labirinto de corredores, bastante tortuoso, constituía um sério obstáculo no caso de uma emergência. Esses detalhes, entretanto, continuavam parecendo banais, inúteis formalidades ditadas pelo cumprimento ordinário de normas, e não por exigências ou necessidades práticas. Todos acreditavam na impossibilidade do Titanic naufragar, desejo que orientava todos aqueles que participaram da construção do transatlântico.
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Na primeira fase do projeto, realizada sob a responsabilidade de Alexander Carlisle, o Titanic deveria contar com 64 botes de salvamento, que garantiriam lugar suficiente para todos, mesmo no caso do navio atingir o número limite entre passageiros e tripulação. Ao assumir a direção do projeto, sob a influência de William Pirrie, Thomas Andrews reduziu o número de botes salva-vidas. O critério que norteava o projeto de construção do transatlântico era o luxo.
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De acordo com William Pirrie, o fator estético era muito mais importante que uma simples coincidência de números entre pessoas a bordo e lugares disponíveis nos botes de salvamento. Ao optar por ampliar o espaço no convés e utilizá-lo em passeios ao ar livre, ou lotar aquele lugar atrativo com simples embarcações que nunca seriam necessárias. Afinal, a White Star Line encarregara os estaleiros da construção do navio e caberia a ela a última decisão sobre as soluções a serem adotadas a bordo do Titanic. Podia afundar? Não podia afundar? Por que, então, deixar-se aborrecer por excessivas medidas de segurança? A presença de 16 compartimentos estanques não era suficiente para garantir a flutuação da embarcação em qualquer circunstância? Todas essas perguntas retóricas foram sistematicamente usadas pelo diretor-geral da White Star Line para combater os tímidos protestos do representante dos estaleiros encarregados da construção da embarcação. O projeto inicial de Alexander Carlisle fora modificado por essa dura e constante pressão; o número de botes salva-vidas passara de 40 para 32 e, finalmente, para 20. No total havia 14 botes de madeira de 9 m de comprimento, cada uma com capacidade máxima para 65 pessoas; 2 botes de aproximadamente 9 m, com 40 lugares; e 47 lugares em cada um dos 4 botes desmontáveis, do tipo Engelhardt.
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O convés que lhes havia sido reservado, denominado “boat deck”, era o mais elevado, situado sobre o convés A. Nele, cada um dos 14 botes de madeira havia sido marcado com um número: os ímpares foram armazenados no estibordo e os pares no bombordo.
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Dispostos simetricamente nos dois lados do navio, os botes foram presos em hastes de aço com roldanas de grua modelo Welin Quadrant, bastante seguras, de fácil manipulação e de eficiência comprovada, pois o tempo necessário, em condições normais, para baixar um bote até a água era de 3 minutos. Cada par de gruas se destinava exclusivamente a baixar até três botes ao mar. O quadrante dessas gruas era duplo, com uma parte denteada, capaz de girar sobre um ângulo de 90 graus, possibilitando o acionamento de dois botes, um da parte externa, e outro, da parte interna. A segunda fileira de botes, que deveria ser colocada mais próxima à linha central da embarcação, paralela àquela montada sobre as gruas, fora eliminada.
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Em uma inspeção feita em Belfast por Francis Carruthers em 2 de abril, alguns botes de salvamento foram simplesmente suspensos e novamente armazenados; sequer foram baixados à água para que se comprovasse sua funcionalidade e eficiência.
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Aquele que contemplasse da proa o elegante perfil longitudinal do Titanic, veria as primeiras 4 embarcações de salvamento alinhadas entre a primeira e a segunda chaminés e, em seguida, em um espaço livre por onde transitavam os passageiros da primeira classe, outros 4 botes à altura da quarta chaminé. Os 4 botes infláveis de tipo Engelhardt possuíam um fundo de madeira coberto de lona e eram guardados nas pontes superiores: 2 nos conveses A e B, perto dos aposentos dos oficiais, e 2 nos conveses C e D, na entrada da calçada dos oficiais.

4 comentários:

Anônimo disse...

d++++ a fotinha
a materia tb eh legal
bjs e um bom fds....

Mário Monteiro disse...

Muito legal o texto, só uma rectificação, ambos os 4 botes tipo Engelhardt estavam no convés do botes, ou seja na coberta aberta. O que creio que o texto queria dizer já no final é que os botes A, B se encontravam junto da primeira chaminé, por cima dos aposentos dos oficiais, e que os botes C e D estavam junto ao posto de vigia de estibordo e bombordo, bem ao lado dos botes 1 e 2. E não nos conveses A B C e D.

Anônimo disse...

Ótimo o texto! Foram detalhes que fizeram falta na hora do desespero!
Parabéns amigo!!!!

Anônimo disse...

oieeee, blz?
uam bom semana pra vc.
sacana esse ismay e pirrie, por causa deles morreram mta gente, snif... snif...
bjx