"Enquanto estava escovando os meus dentes, tentando me livrar do óleo e da poeira da cortiça, ouvi uma batida na porta.” A assistente da enfermeira-chefe olhou para dentro da cabina. Ela evidentemente pensou que seria desnecessário congratular-se comigo por eu estar viva, ou ainda indagar se eu estava machucada. Ao contrário, perguntou: “Onde foi que você conseguiu a escova de dentes”? "Eu respondi, num tom de voz baixo receiando que com o esforço despendido poderia vomitar. 'Eu a trouxe comigo. ' O seu olhar de assombro e desconfiança levou-me a pensar se ela imaginava que eu estava aliada com o inimigo e tinha preparado alguns pertences para um final de semana, antes de entrar no bote salva-vidas."
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Violet Jessop, provavelmente foi a única pessoa resgatada do desastre com uma escova de dentes, depois que o Britannic bateu em uma mina marítima e afundou. Quatro anos antes ela estava no Titanic e pensou como seria bom ter uma escova de dentes naquela oportunidade. Em 1934 escreveu suas memórias. Depois de haver passado a infância na Argentina e a adolescência na Inglaterra, tornou-se comissária de bordo em diferentes companhias marítimas. Ela estava lá quando o Titanic chocou-se de lado com um iceberg foi a pique. Quatro anos mais tarde, ela servia a bordo do Navio-Hospital Britannic como enfermeira de guerra. O seu trabalho na companhia transatlântica White Star Line colocou-a literalmente em dificuldades, tornando-a personagem de dois épicos desastres marítimos. Ela foi salva do desastre do Titanic porque um oficial mandou-a entrar no bote salva-vidas para que os imigrantes que não falavam inglês pudessem seguir o seu exemplo. Além dessas significativas passagens históricas, existe muito, muito mais. Poucas (se é que elas existem) são as comissárias de bordo de companhias transatlânticas que escreveram suas memórias. Portanto, a história da vida de Violet Jessop é duplamente valiosa - única no gênero - além de altamente articulada e informativa é contada por alguém que fala com muita propriedade. De sua posição privilegiada - comissária - quer na copa, quer na minúscula cabina, no convés, ou no bote salva-vidas, somos levados aos bastidores da vida a bordo daquele grandioso transatlântico. Aos 21 anos de idade, em 1908, Violet Jessop passou a trabalhar no Orinoco. Exceto por um período de tempo, durante a Primeira Guerra Mundial, em que trabalhou em terra firme, exerceu a atividade de comissária de bordo, até aposentar-se quarenta e dois anos mais tarde. Viveu uma vida de viagens incomuns e cheias de aventura. Sua trama literária é tão ampla quanto os sete mares, e o bordo do navio, uma imensa paleta. Além de testemunha ocular do afundamento do Titanic e do Britannic, Violet Jessop tem dados e habilidade para tecer histórias fascinantes: comissárias amigas hilariantes, episódios grotescos nas cabinas, grito às armas na guerra, passageiros difíceis, companheiros de bordo cortejadores, portos exóticos, amor não correspondido e mortes trágicas. John Maxtone-Graham editou e comentou as memórias de Violet Jessop. Historiador marítimo, é autor de muitos clássicos sobre navios de passageiros, entre eles: "Crossing & Cruising" e "Liners to the Sun." Entrevistou Violet Jessop em 1970, enquanto pesquisava detalhes para o seu livro "The Only Way to Cross." Violet Jessop morreu um ano mais tarde, deixando os manuscritos para as suas sobrinhas. Estão sendo publicados agora pela primeira vez.
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Pintura da capa: Ken Marschall (coleção de Gilbert Tinney)
Foto da capa: Coleção de Margaret e Mary Meehan
Design da capa: Rob Johnson Design
5 comentários:
Essa sim e uma mulher de desastres!!!
Esse livro eu vi na livraria cultura!
BOM DIA!!!
esse livro é otimo, vc me deu um, lembra?
boa semana......
A não esquecer que ela estava presente no desastre do Olympic com o cruzador... Parabéns TITANIC MOMENTOS
eu achei muito interesante essa história
Comunidade maravilhosa!
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