sábado, maio 13, 2006

O ADEUS DE LILLIAN GERTRUD ASPLUND

Sabe-se que, enquanto o Titanic estava nos seus momentos finais, ouviu o pai dizer, com um sorriso, "vá, em frente, vamos entrar no barco salva-vidas". Mas Lillian Asplund, que na época tinha apenas cinco anos, quase não deu entrevistas sobre o maior acidente marítimo do século XX.
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Lillian Gertrud Asplund viajava a bordo do Titanic. A família tinha embarcado no transatlântico em Southampton, na Inglaterra, como passageira de terceira classe, para regressar a Worchester, após ter vivido vários anos na Suécia. Lillian Asplund estava com os pais (Carl Oscar Vilhelm Gustafsson Asplund e Selma Augusta Emilia Asplund) e os seus quatro irmãos (Filip Oscar, Clarence Gustaf Hugo, Carl Edgar e Edvin Rojj Felix) quando o navio naufragou. Lillian conseguiu sobreviver ao frio do Atlântico Norte a bordo de um dos botes salva-vidas, mas o seu pai e três dos seus irmãos - entre os quais a sua irmã gêmea - ficaram entre as mais de 1500 vítimas mortais do desastre.
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A sua mãe, Selma Augusta Emilia Asplund, e um outro irmão de Lillian, Edvin Rojj Felix, de três anos, também conseguiram resistir. Numa entrevista ao jornal Worchester Telegram & Gazette, Selma Asplund (a mãe de Lillian) explicou como ela e os dois filhos sobreviveram ao naufrágio depois de alcançarem o deque superior do navio: "Eu podia ver os iceberg a uma longa distância, estava frio e as duas crianças estavam abraçadas, tentando evitar serem pisadas pelos outros passageiros".
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Numa das poucas entrevistas que deu, Lillian Asplund contou que a levaram para a primeira classe e depois para um bote salva-vidas, no qual embarcou com a sua mãe e o irmão. Disse ainda ter visto o navio afundar nas águas escuras do mar e que os rostos de seu pai com os seus irmãos, a bordo do navio e à espera do próximo bote, ficaram gravados para sempre na sua memória.
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A sobrevivente norte-americana viveu sempre de forma muito reservada. Nunca se casou e foi secretária e agente da companhia de seguros State Mutual Life durante muitos anos. Aposentou-se em 1971 para cuidar da sua mãe que, nunca superou a tragédia. Lillian Asplund nunca quis dar destaque ao seu papel de testemunha num dos maiores acidentes marítimos do século XX, recusando entrevistas e participações em documentários.
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Lillian Asplund morreu sábado dia 06 de maio de 2006, aos 99 anos, em casa, no estado norte-americano de Massachusetts, informou ontem a sua paróquia.
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Depois da sua morte, restam apenas duas sobreviventes do acidente do navio Titanic, e ambas vivem ainda em Inglaterra: Barbara Joyce West, de 95 anos e Elizabeth Gladys "Millvina" Dean, de 94 anos. Foram resgatadas com vida, mas sempre disseram não guardar qualquer memória daquela noite.
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O funeral de Lillian Gertrud Asplund realizou-se no dia 07 de maio, conforme informou a paróquia. Ronald E. Johnson, vice-presidente do Nordgren Memorial Chapel, em Worchester, terra natal de Lillian, contou que "ela morreu a dormir e em paz".
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Segundo o porta-voz da funerária, Lillian Asplund exigiu aos seus parentes que mantivessem silêncio sobre o que ela viveu a bordo do Titanic. A norte-americana teria pedido também para que o caso não fosse citado no seu obituário.

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Dedico este post ao meu amigo Diego Pelegrino,
criador do site The Ship Titanic - http://www.theshiptitanic.net/

5 comentários:

Anônimo disse...

belissima reportagem
linda homenagem
tenha um otimo fds, bjx

Anônimo disse...

Pois é, + uma que se foi ............ gostaria muito de poder falar com as outras obreviventes, mas sei o quanto é dificil ............... abraços

Anônimo disse...

cada vez q morre uma a historia e fecha, é muito triste, mas e assim mesmo né!?

ELA ADULTA É A CARA DELA PEQUENA HEHEH

Mário Monteiro disse...

Última sobrevivente em solo americano e última sobrevivente que se lembrava bem do Titanic a afundar-se. Restam os dois bebezinhos. Dá realmente uma sensação estranha saber do falecimento da mesma, mas a Vida e o Tempo correm assim mesmo, outras vidas nasceram nesse preciso momento que Lilian Asplund morreu, mas a sua memória ficará eternamente lembrada pelo navio. Esse é o dom que os 2208 passageiros ganharam com o Titanic, a imortalidade.

Ana disse...

gostei muito da reportagem,tenho um sentimento muito grande por essa história, gostaria muito de poder ver um dia o navio de perto e as coisas que pertenciam a ele e poder tambem conversar com algum sobrevivente que obtivesse fotos e lembranças nitidas do ocorrido.
prabens pela reportagem!!!